Alinhadores: uma ameaça aos ortodontistas?
- Renan Teiga
- 25 de dez. de 2017
- 3 min de leitura

O xis da questão
Recentemente, durante a execução de um projeto consultivo, uma cliente me afirmou que “a ortodontia está caminhando a largos passos em direção a autossuficiência dos planejamentos ortodônticos”. Fiquei um pouco confuso, mas logo entendi.
Explico: na visão dela, todo o conhecimento e experiência necessários para realizar um bom planejamento ortodôntico, estão sendo substituídos por modelos digitais e isso representa uma
ameaça à classe. Na prática, segundo ela, qualquer clínico geral é capaz de iniciar e finalizar um tratamento aos moldes desses atuais!
Se imaginarmos que as recentes tecnologias de escaneamento da boca e impressão de placas irá se popularizar (e isso irá acontecer!) podemos concluir que muitos dentistas terão acesso à esse recurso. Esse, é o xis da questão!
Não é difícil imaginar uma grande legião de clínicos gerais munidos de scanner intra-oral e placas de alinhadores sequenciadas – uma combinação simplista e altamente eficaz na visão de alguns ortodontistas mais contemporâneos. Se a TSB e até mesmo auxiliares, muitas vezes trocas elásticos e fios (não cabe aqui se é certo ou não), quem dirá um clínico geral trocar placas!
Como o marketing trata o tema?
Michael Porter formulou a teoria das 5 forças que determinam a rivalidade de um mercado. Uma delas, é a ameaça de produtos ou serviços substitutos.
Quantas vezes, ministrando cursos, palestras e aulas falei do tema! E eis que surge à tona um potencial “substituto” para muitos ortodontistas.
Por definição, substitutos estão relacionados a inovações tecnológicas e apesar de não competirem com o mesmo grau de intensidade, são capazes de roubar o market share (fatia de mercado) dos "produtos ou serviços convencionais”.
Para facilitar o entendimento, podemos observar o exemplo recente dos vídeos por streaming que aniquilaram as locadoras de vídeos.
As novas fronteiras do Invisalign
Segundo dados da própria Invisalign, existem no mundo, mais de 103.000 profissionais credenciados, os quais trataram mais de 4 milhões de pacientes através de seu sistema.
Existem outros sistemas de alinhadores, mas por dimensão de mercado e pioneirismo, a Invisalign está rompendo os paradigmas de muitos profissionais e, em muitos casos, acessa quase que diretamente os consumidores finais. Isso é observado através da ampla distribuição de conteúdo para dentistas do mundo todo.
Outra característica interessante, é a política de meritocracia que ela imprime. Não raro, ouço ortodontistas comentando sobre premiações e números de casos dos “top doctors". Além de fornecer material de marketing e conteúdo para os profissionais (e até mesmo clientes finais), a empresa ranqueia seus distribuidores!
A experiência de consumo dos pacientes em tratamento também mudou significativamente. Ainda que os braquetes tenham dado e
spaço aos botões de resina (particularmente, não gosto), o sistema em si é muito mais clean e amigável, além de permitir associações de técnicas (clareamento e DTM).
Afinal, essa nova tecnologia irá acabar com a ortodontia?
Não! Pelo menos é como eu vejo essa questão. Entretanto, a formação de um abismo entre os profissionais de referência e os “demais” é inevitável. Se o planejamento passou a ser realizado de forma autônoma por empresas de tecnologia, somente profissionais mais gabaritados poderão coloca-lo em cheque e alterar as metodologias propostas. Esses, conseguirão se posicionar como influenciadores do segmento – preço alto e serviço de excelência muito diferenciado.
Além disso, os especialistas no assunto apontam para limitações de manejo clínico que restringem a utilização desses sistemas.
O fato é que existe um oceano de incertezas ainda a respeito do tema. Uma década após o seu lançamento, o líder do segmento dá sinais de crescimento exponencial, e goza de um mercado potencial gigantesco. Ainda que não agrade algun
s profissionais, os alinhadores estéticos “caíram no
” do consumidor final. CFO e regionais conseguirão regular a utilização desses sistemas? Será que a moda dos elásticos coloridos sucumbirá à sutileza das placas “invisíveis”?
Compartilhe sua opinião. Um abraço e até a próxima!
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